domingo, 25 de novembro de 2007

Dali no Porto

Já estava para escrever este texto há uns tempos mas só consegui publicá-lo agora.
Há uns dias fui ver a exposição do Salvador Dali no palácio do Freixo e como bom português que sou só fui nos últimos dias . Confesso que não fui por iniciativa própria mas aceitei logo o convite que me propuseram para a ir ver (também não sou assim tão inculto) e também porque nunca tinha visitado o palácio do Freixo. No fim não fiquei desiludido nem com a exposição nem com o palácio. Ás vezes ficamos parvos com o facto de nunca termos visitado as maravilhas que estão mesmo ao nosso pé e aquele palácio, independentemente de ter lá uma exposição ou não, é digno de ser deslumbrado, quer pelos belos jardins ou pela riqueza e pelo barroquismo do seu interior.
Mas falando objectivamente da exposição, penso que esta foi interessante na medida em que conheci um trabalho que me deixou maravilhado. A genialidade e a excentricidade de Dali são de facto soberbas. Quando entrei nunca pensei que iria sair com um novo "ídolo" se o podemos designar assim. A elipse, a hipérbole e a alternância dos objectos presentes nas suas obras deixaram-me fascinado. O surrealismo foi sempre a vertente artística que mais admirei e por isso não podia ter ficado indiferente a um dos maiores surrealistas de toda a Historia. Para além do seu movimento artístico ir também de encontro ao Cubismo e ao Dadaísmo, é no Surrealismo que este se exprime melhor, representando fabulosamente o abstracto, o inconsciente e os sonhos.
Claro que não estiveram em exposição os principais trabalhos de Dali mas as que estiveram presentes podiam não ter a grandiosidade da persistência da memoria ou da tentação de santo António mas não deixavam de ter a sua beleza e espectacularidade para não falar dos trabalhos gráficos que estavam muito bem organizados na exposição.
Mas não eram só pinturas que preenchiam o palácio. As esculturas de Salvador Dali também tinham destaque na exposição quer as esculturas grandiosas como a Mulher Nua subindo a escada e o Cavalo com joquéi tropeçando que me deixaram deslumbrado bem como as outras esculturas em ponto mais pequeno como o Elefante Cósmico e a Divindade Monstruosa.
Mas nesta exposição verifiquei algo que me deixou de certa forma irritado com a nossa sociedade. Estas exposições são expostas para serem observadas com olhos de ver para que sejam devidamente maravilhadas e para que possamos sair da exposição com uma ideia de quem era Salvador Dali e os movimentos estéticos que seguiam as suas obras. Não é para ser vista porque "os outros também vão" e chegar á exposição e não ver em condições os trabalhos deste artista e agir dentro da mesma como estivessem num café a falar com os amigos e a gritar e a correr como os alguns jovens lá agiam. Causa-me impressão ver pessoas a pagar o bilhete para entrar na exposição e passar pelas obras sem lhes prestar a mínima atenção. Alguns passavam pelas salas com uma tal pressa que me fazia pensar se não haveria uma maratona para ver quem descobria a saída mais depressa.
Enfim, são pensamentos de um individuo que não percebe a "moda" de ir aos museus em jeito de passagem.

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